quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sabão da Costa


Por volta do início do século XVI (1501), navegadores, senhores dos sete mares, passaram a designar toda a Costa Atlântica AFRICANA e seu interior imediato como COSTA e o que dali procedesse como DA COSTA.


Segundo relatos da época, de Viajantes portugueses, o SABÃO DA COSTA era importado pelo Brasil desde pouco depois de 1620.


Era o preferido dos escravos e libertos. Ele era oriundo de uma área entre GANA e CAMARÕES, e principalmente da NIGÉRIA, da República do BENIM e do TOGO.


Há praticamente 400 anos, garantem relatos de Cronistas e Viajantes da época, o Brasil importava um SABÃO DA COSTA da África que era usado por escravos e libertos.


Por que SABÃO DA COSTA?
Porque é antigo. A palavra SABONETE é incorporada ao português somente na virada para o século 19 quando no Brasil “tudo” era “francês” e o “SAVONETE” dos franceses é aportuguesado. Antes disso era SABÃO mesmo. Mesmo os franceses continuam dizendo SAVON, os espanhóis dizem JABÓN (RABÓN) e os ingleses SOAP (SOLP) e, portanto não deveria haver esse tipo de ‘distinção’.
O SABÃO DA COSTA mantém o nome SABÃO por uma questão de tradição.
O SABÃO DA COSTA é um sabão, de cor parda-escura tendendo a preta, feito com ervas medicinal (nó de pinho, óleo de côco, benjoim, juá, etc.) e além de ser usado prá descarrego promove uma profunda limpeza corporal.
Oxé dudu era o nome dado pelos africanos ao sabão da costa.




sábado, 13 de agosto de 2011

Preto Velho

Na Umbanda, são espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravos que morreram no tronco ou de velhice, e que adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes dão o amor, a fé e a esperança aos "seus filhos".
São entidades desencarnadas que tiveram pela sua idade avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida, conseqüentemente são espíritos guias de elevada sabedoria, trazendo esperança e quietude aos anseios da condolência que os procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Omolu, são mandingueiros poderosos, com seu olhar sentado em seu banquinho, fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda, rezando com seu terço e a sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de consulentes. Muitas vezes se utilizam de outros benzimentos. São os Mestres da sabedoria e da humildade.
Através de suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que somente o Amor constrói e une a todos, que a matéria nos permite existir e vivenciar fatos e sensações, mas que a mesma não existe por si só, nós é que a criamos para estas experiências, e que a realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa sabedoria, nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor incondicional. Também são Mestres dos elementos da natureza, a qual utiliza em seus benzimentos.
Os Pretos Velhos – incluem os Tios e Tias, Pais e Mães, Avôs e Avós todos com a forma do idoso, do senhor de idade, do escravo. Sua forma idosa representa à sabedoria, o conhecimento, a fé. A sua característica de ex-escravo passa à simplicidade, a humildade, a benevolência e a crença no “poder maior”, no Divino.
A grande maioria dos terreiros de Umbanda, assim também suas entidades possuem a fé Cristã, ou seja, acreditam e cultuam Jesus (sincretismo do Orixá Oxalá). A característica desta linha seria o conselho, a orientação aos consulentes devido à elevação espiritual de tais entidades é como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os males do corpo e da alma.
Os Pretos Velhos seriam as entidades mais conhecidas nacionalmente, mesmo por leigos que só ouviram falar destas religiões Afro-Brasileiras. O Preto Velho é lembrado também pelo instrumento que normalmente utiliza – o  cachimbo.
Na Umbanda os Pretos Velhos são homenageados no dia 13 de maio, data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura.

Erês - Crianças


Erês no Candomblé
Erê ou Eré (do iorubá iré, "brincadeira, divertimento") é tido como um espírito que se manifesta no início do transe do iniciado e serve de intermediário entre este e o orixá e traz suas mensagens (pois, no Candomblé, o orixá não fala). O comportamento do iniciado em estado de erê tende a ser infantil, fugindo do caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá. Mostra-se irrequieto, barulhento, às vezes brigão. Os erês recebem nomes ligados ao orixá do iniciado.

Erês na Umbanda

Na Umbanda, erês, ibejada, dois-dois, crianças, ou ibejis são entidades de caráter infantil, que simbolizam pureza, inocência e singeleza e se entregam a brincadeiras e divertimentos. Pedem-lhes ajuda para os filhos, para fazer confidências e resolver problemas. Geralmente supõe-se que são espíritos que desencarnaram com pouca idade e trazem características de sua última encarnação, como trejeitos e fala de criança e o gosto por brinquedos e doces. Diz-se que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. São tidos como mensageiro dos Orixás, respeitados pelos caboclos e pretos velhos. Geralmente, são agrupados em uma linha própria, chamada de Linha das Crianças, Linha de Yori ou Linha de Ibêji. Costumam ter nomes típicos de crianças brasileiras. Seus líderes de falange incluem Cosme e Damião. Comem bolos, balas, refrigerantes e frutas.






Umbanda Caboclos, Preto Velho e Criança


Quando vamos a um terreiro de Umbanda é normal nos consultarmos com uma entidade incorporada que é um Caboclo, um Preto Velho ou uma Criança.

Mas na realidade quem são estas entidades?

Estas entidades são seres muito mais elevados e espiritualizados que nós encarnados. Estes seres não mais encarnarão na Terra (existem algumas exceções onde os seres ainda reencarnam em  alguma missão).
Elas se apresentam na Umbanda em três formas possíveis: Caboclo, Preto Velho ou Criança.

Estas formas de apresentação se chamam roupagem fluídica, que são utilizadas pelas entidades para conseguirem chegar mais próximas de nós, que ao vermos um Caboclo incorporado logo o associamos com segurança, um Preto Velho com humildade e uma Criança com pureza.

Estas entidades já encarnaram em diversas raças, já passaram por todas as idades, assim sendo trazem muita experiência para nós encarnados.

Os Caboclos atuam mais com as energias físicas, com a saúde. Os Pretos Velhos amenizam pensamentos confusos gerados pela rotina diária e as Crianças atingem os sentimentos.

O trabalho destas entidades é enorme, tentando colocar no coração dos homens a paz de Oxalá. O trabalho é tão árduo que às vezes as entidades têm que se passar por ignorantes.

É a psicologia da Umbanda, com a intenção de atender a todos sem distinção.

O Senhor máximo responsável pela Terra, Oxalá (Cristo Jesus), como governador deste planeta envia estas entidades até nós, com o objetivo de que possamos evoluir espiritualmente.

Lenda de Ossain


Ossain era o único orixá que sabia reconhecer e despertar os poderes mágicos das plantas e usá-los para curar as enfermidades, ou nos rituais litúrgicos. Ele sabia como ninguém, fazer misturas mágicas com os vegetais, raízes e folhas.

Os outros orixás também tinham o desejo de possuir suas próprias folhas, bem como o conhecimento necessário para receber o axé proveniente delas, mas Ossain não revelava seus segredos e não deixava ninguém apanhar folhas em suas florestas.

Oyá (Iansã) não aceitava essa situação, pois sua aldeia estava sendo assolada por doenças, e nada podia ser feito. Foi, então, que ela pediu a Ossain que lhe desse algumas folhas e seus respectivos encantamentos, mas este se negou a fazê-lo. Oyá ficou muito contrariada, não se conformando com uma atitude tão insensível. Sua fúria incontrolável fez levantar o vento. E o vento foi tão forte, que as folhas se desprenderam das árvores, voando para todos os cantos da floresta. Ossain gritava: "Minhas folhas, minhas folhas". A cabaça com os segredos ficou exposta por algum tempo, possibilitando aos orixás a oportunidade de absorver uma pequena parte desse conhecimento. Assim, os orixás cataram suas folhas, que seriam utilizadas em seus rituais sagrados; porém, não podiam dispensar a ajuda de Ossain, pois ele sempre será o grande sábio da floresta.

Outra lenda nos conta que Ossain trabalhava na roça de Orunmilá, que é um orixá fun-fun (da cor branca) e detentor do conhecimento do oráculo divinatório. Ossain tinha a tarefa de cultivar os campos, mas recusava-se a limpar o terreno para fazer a semeadura. Ele não conseguia podar as plantas, pois achava utilidade em todas elas.

Essas folhas podiam curar todo tipo de doença existente.
Orunmilá, vendo que o serviço não saía, foi ver o que estava acontecendo.
Ossain explicou seus motivos, fazendo com que o grande orixá fun-fun percebesse estar diante de um ser encantado e de grande conhecimento. Ao invés de castigá-lo, deu-lhe uma posição de destaque dentro do oráculo de Ifá. Dessa forma, Orunmilá teria, perto de si, alguém para lhe revelar os segredos das folhas.

Lenda de Obá


Obá era uma mulher cheia de vigor e coragem.
Faltava-lhe, talvez, um pouco de charme e refinamento.
Mas ela não temia ninguém no mundo.
Seu maior prazer era lutar.
Seu vigor era tal que ela escolheu a luta e o pugilato como profissão.
Obá venceu todas as disputas que foram organizadas entre ela e diversos orixás.
Ela derrubou Obatalá, tirou Oxóssi de combate
e deixou no chão Orumilá.
Oxumaré não resistiu à sua força.
Ela desafiou Obaluaê e botou Exu pra correr.
Chegou à vez de Ogum!

Ogum teve o cuidado de consultar Ifá, antes da luta.
Os adivinhos lhe disseram para fazer oferendas,
compostas de duzentas espigas de milho e muitos quiabos.
Tudo pisado num pilão para se obter uma massa viscosa e escorregadia.
Esta substância deveria ser depositada num canto do terreno onde eles lutariam.
Ogum seguiu fielmente estas instruções.

Na hora da luta, Obá chegou dizendo:
 “O dia do encontro é chegado.”
Ogum confirmou:
 “Nós lutaremos, então, um contra o outro.”

A luta começou.
No início, Obá parecia dominar a situação.
Ogum recuou em direção ao lugar onde ele derramara a oferenda.
Obá pisou na pasta viscosa e escorregou.
Ogum aproveitou para derrubá-la.
Rapidamente, libertou-se do pano que vestia e a possuiu ali mesmo,
tornando-se, desta maneira, seu primeiro marido.

Mais tarde, Obá tornou-se a terceira mulher de Xangô, pois ela era forte e corajosa.
A primeira mulher de Xangô foi Oyá-Iansã, que era bela e fascinante.
A segunda foi Oxum, que era coquete e vaidosa.

Uma rivalidade logo se estabeleceu entre Obá e Oxum.
Ambas disputavam a preferência do amor de Xangô.
Obá sempre procurava aprender o segredo das receitas utilizadas por Oxum
quando esta preparava as refeições de Xangô.
Oxum irritada, decidiu preparar-lhe uma armadilha.
Convidou Obá a vir, um dia de manhã, assistir à preparação de um prato que,
segundo ela, agradava infinitamente a Xangô.
Obá chegou na hora combinada e encontrou Oxum
com um lenço amarrado à cabeça, escondendo as orelhas.
Ela preparava uma sopa para Xangô
onde dois cogumelos flutuavam na superfície do caldo.
Oxum convenceu Obá que se tratava de suas orelhas,
que ela cozinhava, desta forma,
para preparar o prato favorito de Xangô.
Este logo chegou, vaidoso e altivo.
Engoliu, ruidosamente e com deleite, a sopa de cogumelos e
galante e apressado, retirou-se com Oxum para o quarto.

Na semana seguinte, foi à vez de Obá cuidar de Xangô.
Ela decidiu pôr em prática a receita maravilhosa.
Xangô não sentiu nenhum prazer ao ver que Obá se cortara uma das orelhas.
Ele achou repugnante o prato que ela preparara.
Neste momento, Oxum chegou e retirou o lenço,
mostrando à sua rival que suas orelhas não haviam sido cortadas, nem comidas.
Furiosa, Obá precipitou-se sobre Oxum com impetuosidade.
Uma verdadeira luta se seguiu.
Enraivecido, Xangô trovejou sua fúria.
Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e transformaram-se em rios.

Até hoje, as águas destes rios são tumultuadas e agitadas no lugar de sua confluência,
em lembrança da briga que opôs Oxum e Obá pelo amor de Xangô.



Lenda de Ewá


Todos os dias Ewá saia com seus dois filhos e ia para a floresta em busca de lenha. Ao voltar seguia direto para a cidade onde vendia o produto. Esse era o seu meio de sobrevivência. Não gostava de levar os filhos pequenos, andava por lugares perigosos, mas não havia quem pudesse ficar com eles. Nessa rotina seguia sua vida. Um dia preparou as crianças e saíram mais cedo que o costume, precisavam de muita lenha, os víveres de sua casa estavam no final e somente com uma boa venda poderia comprar alimentos para a família. Disposta a fazer uma grande coleta, desviou-se do caminho habitual. Andaram por trilhas desconhecidas subindo e descendo por horas. Somente quando o sol estava a pino foi que a mulher percebeu que estavam perdidos. Tentou de todas as maneiras lembrarem-se do caminho feito, mas nada. Pediu a ajuda dos filhos, mas estes pequenos demais, nem haviam percebido o engano da mãe. As crianças, a essa altura exaustas, começaram a se assustar com o perigo que pressentiam na situação. Ewá corria de um lado a outro tentando lembrar-se da trilha que os trouxera até ali. Os meninos reclamaram de sede, ela se apavorou. Não tinha água ali, passaram por caminhos sem fim e nem sinal de uma bica sequer. Pediu que mantivessem a calma e pegando-os pelas mãos decidiu arriscar, não podia ficar ali parada. Andaram por mais algum tempo. O sol tornara-se insuportável. O suor escorria pelos corpos fazendo com que a sede aumentasse a níveis insuportáveis. As crianças começaram a fraquejar e sem agüentar dar mais um passo, caíram aos pés da mãe com o rosto macilento e as faces começando a encovar. Ewá transtornou-se ao sentir que seus filhos morreriam ali sem socorro se ela nada fizesse. Ajoelhou-se e elevou os olhos para o alto: Olorum senhor do mundo! Não deixe que meus filhos morram por causa da incapacidade da mãe. Eles precisam de água senhor, só a vós posso recorrer! No instante da prece a mata estremeceu Ewá cravou as unhas na terra e gritou, seu corpo enrijeceu. O último olhar foi depositado sobre os filhos no momento em que seu corpo tranformou-se em mármore. A bela negra tinha se tornado uma fonte de água pura, límpida e cristalina. Os filhos de Ewá foram salvos. Da pequena fonte nasceu o rio Yewá na Nigéria onde até hoje se fala no sacrifício materno da grande deusa do sangue branco.

Cargos na casa de santos.

- Babalorixá ou Iyalorixá - É o cargo mais alto dentro de uma Casa de Santo ou Ilê. É o Zelador ou Zeladora, aquele que cuida dos Orixás, que inicia os noviços, suspende e confirma Ogans, apresenta e confirma Ekedis, Olossães, Axoguns, etc. O Babalorixá ou Iyalorixá é o ponto de equilíbrio, a cabeça de uma Casa. O Zelador ou Zeladora trabalha como uma espécie de guia e mentor espiritual, aconselhando, discutindo, desenvolvendo métodos para o melhor andamento da Casa.
- Ekeji - em seu papel de Mãe exerce a função de Dama de Honra do Orixá regente da Casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar das roupas e apetrechos do Orixá da Casa, além dos demais Orixás, dos filhos e até mesmo dos visitantes.
- Yabassé - Cargo feminino. É aquela que cuida, separa ingredientes e executa a comida do Santo. Chamada a cozinheira do Axé, é dela a obrigação de ver aquilo que o Santo mais gosta e executar os trabalhos de cozinha. A Yabassé faz também a comida que será oferecida aos visitantes nos dias de festa na Casa.
- Babákekerê ou Iyákekerê - Significa Pai-Pequeno ou Mãe-Pequena. São os segundos dentro da hierarquia de uma Casa de Santo. São os substitutos eventuais do Babalorixá ou Iyalorixá. Eles têm a função de orientar, educar, mostrar o melhor caminho aos filhos da Casa. São os supervisores gerais do bom funcionamento e cabe a eles, em primeira instância, inspecionar a conduta, higiene e necessidades dos filhos-de-santo.

- Agibonã - É a mãe criadeira, que supervisiona e ajuda na iniciação, aquele que sabe dos ritos e das regras da casa de santo a ponto de ensinar aos recém iniciados. A pessoa de confiança do babalorixá para cuidar do seu iniciado (yaô).

- Opáotun - seria o braço direito do zelador na casa de santo, aquele que tem que estar o par de todas as minúcias do axé. E de como será conduzido tudo dentro da casa. É um cargo de confiança a ser conquistado.

- Opáossi - seria o braço esquerdo do zelador na casa de santo, aquele que tem que estar o par de todas as minúcias do axé. E de como será conduzido tudo dentro da casa. É um cargo de confiança a ser conquistado.

- Yaefun ou Babaefun - Responsável pela pintura branca das yaôs.

- Ologun - Cargo masculino. Despacha os ebós das obrigações, preferencialmente os filhos de Ogum, depois Obaluae e Odé.

- Olaya - Cargo feminino. Despacha os ebós das obrigações, na falta de Ologun. São filhas de Oya.

- Egbomi - são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho). Aquele que irá conduzir os iniciados.

- Yaô - filho de santo (com feitura no candomblé).

Ogan



OGAN APONTADO, pessoa apontada como possível candidato a Ogán. Equivalente ao Ogán suspenso.

OGAN SUSPENSO, pessoa escolhida por um Orixá para ser um Ogán, é chamado suspenso, por ter passado pela cerimônia onde é colocado em uma cadeira e suspenso pelos Ogáns da casa, significando que futuramente será confirmado e passará por todas obrigação para ser um Ogán.



ONÍÌLU, tocadores de atabaques.

ALAGBÈ, o chefe dos tocadores de atabaques, é o Ogan responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados Atabaques. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar no terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens..



AXÒGÚN, é um sacerdote, um dos cargos mais importantes e de muita responsabilidade, ele é um especilista no que faz, é o Ogan encarregado do sacrifício dos animais votivos nas cerimônias do Candomblé Ketu.


AFICODE, que deve referencia ao quarto de oxossi chefe do Aramefa
(quadro de ogans do quarto de oxossi composto por seis ogans)

PEJIGÁN, O responsavel pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hirarquia, zela e guarda o PEJI.

LEHIN, responsável pela manutenção dos quartos de oxossi e ogun.

BABA MOROTONAN, responsável por tudo que envolver o quarto de omolu etc.

Atabaques





Principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é também de responsabilidade dos Ogáns.
São de origem africana, usados em quase todos rituais afro-brasileiro, típicos do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são empregados para convocar os Orixás.
O atabaque maior tem o nome de RUM o segundo tem o nome de RUMPI e o menor tem o nome de LE.

Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.

O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.

Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo RUM (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no RUM que o Orixá vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que comanda o RUMPI e o LE.

Essa é a diferença entre o atabaque do candomblé e do atabaque instrumento musical comprado nas lojas com a finalidade de apresentações artísticas, que normalmente são industrializados para essa finalidade.

Os Atabaques


O Candomblé de Keto ou Alaketo em três atabaques, que são, respectivamente:

RUM - O MAIOR

RUMPI - O MÉDIO

LÉ - O MENOR

As varetinhas usadas para tocar o Candomblé nos atabaque, chame-se AGUIDAVÍS.

Dar RUN ao santo, significa colocar o Orixá na sala para dançar as cantigas e rezas que lhe são destinadas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bori

Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).
Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Bara, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajectória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimónia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está directamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.
A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinónimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direcções.
OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO
Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.
Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados.
O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Bara, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
Nunca se esqueça: Orixá começa com Orí.                                                                                                                            

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lenda de Iroko - Tempo


No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroko. Iroko foi à primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroko, morava seu espírito. E o espírito de Iroko era capaz de muitas mágicas e magias. Iroko assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroko e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroko. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroko, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar. Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinham nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroko suas prendas. Em torno do tronco de Iroko depositaram suas oferendas. Assim Iroko recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido.
No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroko, entretida que estava vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. Disse Iroko: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que viva sempre aprisionada em minha copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Iroko para ali viver para
Sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Iroko.
Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido."
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. Ele tinha que salvar sua mulher!
Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroko, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos.
Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroko e o depositou aos pés da árvore sagrada. Iroko gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava!
E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
Iroko apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Iroko estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Iroko devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para Iroko muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore.
Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam oferendas a Iroko. Porque Iroko dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Iroko o prometido.

Lenda de Oxalá


Olorun, Deus supremo, criou um ser, a partir do ar (que havia no início dos tempos) e das primeiras águas. Esse ser encantado, que era todo branco e muito poderoso, foi chamado Oxalá. Logo em seguida, criou outro orixá que possuía o mesmo poder do primeiro, dando-lhe o nome de Nanã. Os dois nasceram da vontade de Olorun de criar o universo.

Oxalá passou a representar a essência masculina de todos os seres, tornando-se o lado direito de Olorun. Nanã, por sua vez, teria a essência feminina, e representaria o lado esquerdo. Outros orixás também foram criados, formando-se um verdadeiro exército a serviço de Olorun, cada um com uma função determinada para executar os planos divinos.

Exú foi o terceiro elemento criado, para ser o elo de ligação entre todos os orixás, e deles com Olorun. Tornou-se costume prestar-lhe homenagens antes de qualquer outro, pois é ele quem leva as mensagens e carrega os ebós.

Olorun confiou a Oxalá a missão de criar a Terra, investindo-o de toda a sabedoria e poderes necessários para o sucesso dessa importante tarefa. Deu a ele uma cabaça contendo todo axé que seria utilizado.

Oxalá, orgulhoso por ter recebido tamanha honraria, achou desnecessário fazer as oferendas a Exú.

Exú, vendo que Oxalá partira sem lhe fazer as oferendas, previu que a missão não seria cumprida, pois, mesmo com a cabaça e toda a força do mundo, sem a sua ajuda não conseguiria chegar ao local indicado por Olorun.

A caminhada era longa e difícil, e Oxalá começou a sentir sede, mas, devido à importância de sua missão, não podia se dar ao luxo de parar para beber água. Não aceitou nada do que lhe foi oferecido, nem mesmo quando passou perto de um rio interrompeu a sua jornada. Mais à frente, encontrou uma aldeia, onde lhe ofereceram leite de cabra para saciar sua sede, que também foi recusado.

Todos os caminhos pareciam iguais e, depois de andar por muito tempo, sentiu-se perdido. De repente, ele avistou uma palmeira muito frondosa, logo à sua frente, Oxalá, já delirando de tanta sede, atingiu o tronco da palmeira com seu cajado, absorvendo todo o líquido que saía de suas entranhas (era vinho de palma). Embriagado pela bebida desmaiou ali mesmo, ficando desacordado por muito tempo.

Exú avisou Nanã que Oxalá não havia feito as oferendas, por isso não terminaria sua tarefa. Ela, agindo por contra própria, resolveu consultar um babalaô para realizar devidamente as oferendas. O sacerdote enumerou uma série de coisas que ela deveria oferecer entre elas um camaleão, uma pomba, uma galinha com cinco dedos e uma corrente com nove elos. Exú aceitou tudo, mas só ficou com a corrente, devolvendo o restante à Nanã, pois ela iria apreciar mais tarde. Outros sacrifícios foram realizados, até que Olorun a chamou para procurar Oxalá, que havia esquecido o saco da criação com o qual criaria a Terra. Nanã, após terminar suas oferendas, foi atrás de Oxalá, encontrando-o desacordado próximo ao local onde deveria chegar.

Ao saber que Oxalá havia falhado em sua missão, Olorun ordenou que a própria Nanã prosseguisse naquela tarefa com a ajuda de todos os orixás. E assim foi feito. Nanã pegou o saco da criação e o entregou à pomba, para que voasse em círculo. A galinha com cinco dedos foi solta, para espalhar aquela imensa quantidade de terra, e, finalmente, o camaleão arrastou-se vagarosamente, para compactá-la e torná-la firme.

Quando Oxalá acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele. Desesperado, correu até Olorun, que o advertiu duramente por não ter reverenciado Exú antes de partir, julgando-se superior a ele. Oxalá, arrependido, implorou perdão. Olorun, sempre magnânimo, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra. Desta vez ele não poderia falhar!

Usando a mesma lama que criou a Terra, Oxalá modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.
Desta forma, Nanã e Oxalá desempenharam tarefas igualmente importantes, juntamente com a valiosa ajuda de todos os orixás, que possibilitaram o surgimento deste novo e maravilhoso mundo em que vivemos.

Lenda de Nanã



Olorun enviou Nanã e Oxalá para viverem na Terra e criarem a humanidade. Os dois foram dotados de grandes poderes para desempenharem essa tarefa, mas somente Nanã tinha o domínio do reinado dos eguns, e guardava esses segredos, bem como o da geração da vida, em sua cabaça.

Oxalá não se conformava com esta situação, queria poder compartilhar desses segredos. Tentava agradar sua companheira com oferendas para convencê-la a revelar seu conhecimento.

Nanã, sentindo-se feliz com as atitudes de Oxalá, decide mostrar-lhe egun, mas apenas ela era reconhecida nesse reinado.

Certa vez, enquanto Nanã trabalhava com a lama, Oxalá, disfarçando-se com as roupas dela, foi visitar egun, sem lhe pedir autorização.

Quando Nanã sentiu a falta de Oxalá e de sua própria vestimenta, teve certeza de que ele havia invadido o seu reinado, atraiçoando-a gravemente. Enfurecida com a descoberta, resolveu fechar a passagem do mundo proibido, deixando Oxalá preso.

Enquanto isso, Oxalá caminhava no reinado de Nanã, tentando descobrir seus mistérios, mas apenas ela conseguia comunicar-se com os eguns.

Egun, sempre envolto em seus panos coloridos, não tinha rosto, nem voz. Oxalá, usando um pedaço de carvão, criou um rosto para ele, como já havia feito com os seres humanos, e, com seu sopro divino, abriu-lhe a fala. Assim, ele conseguiu desvendar os segredos que tanto queria, mas, quando se deu conta, viu que não conseguia achar a saída.

Nanã não sabia o que fazer, por isso fechou a passagem para mantê-lo preso até encontrar uma forma de castigá-lo. Contou a Olorun sobre a traição de Oxalá, que não aprovou a atitude de ambos. Nanã errou ao revelar a Oxalá os segredos que o próprio Olorun lhe confiara. Para castigá-la, tomou o seu reinado e o entregou a Oxalá, pois ele desempenhara melhor a tarefa de zelar pelo eguns. Oxalá também foi castigado, pois invadiu o domínio de outro orixá. Daquele dia em diante, Oxalá seria obrigado a usar as roupas brancas de Nanã, cobrindo o seu rosto com um chorão, que somente as iyabás usam.

Lenda de Omolú - Obaluayê


Nanã, esposa de Orixalá, gerou e deu à luz a um filho. Sua criação não foi perfeita, nascendo uma criança doente, com muitas chagas recobrindo seu pequeno corpo. Ela não conseguia imaginar que maldição era aquela, que trouxe de suas entranhas uma criatura tão infeliz!


Sentindo-se impossibilitada de cuidar daquela criança, pois mal conseguia olhar para ela, resolveu deixá-la perto do mar. Se a morte a levasse seria melhor para todos.


Iemanjá, que estava saindo do mar, viu aquele pequeno ser deitado nas areias da praia. Ficou olhando por algum tempo, para ver se havia alguém tomando conta dele, mas ninguém aparecia. Então, a grande divindade das águas foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou mais perto, pôde compreender que aquela criança tinha sido abandonada por estar gravemente enferma. Sentindo uma imensa compaixão por aquela pobre criatura, não pensou em mais nada, a não ser em adotá-lo como a um filho.


Com seu grande instinto maternal, Iemanjá dispensou a ele todo o carinho e os cuidados necessários para livrá-lo da doença. Ela envolveu todo o corpo do menino com palhas, para que sua pele pudesse respirar e, assim, fechar as chagas.


Omolú cresceu e continuou usando aquele tipo de roupa, e ninguém, a não ser sua querida mãe, tinham visto seu rosto. Era um ser austero e misterioso, provocando olhares curiosos e assustados de todos. Ninguém conseguia imaginar o que se escondia sob aquelas palhas.


Oyá, certa vez, o encarou, pedindo que descobrisse seu rosto, pois queria desvendar, de uma vez por todas, aquele mistério. Omolú, sem lhe dar a menor atenção, negou-se a fazê-lo. Ela, que nunca se deu por vencida, resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua força, evocou o vento, fazendo voar as palhas que o protegiam.


Quando a poeira assentou, Oyá pode ver um ser de uma beleza tão radiante, que só poderia ser comparado ao sol. Nem mesmo ela, como orixá, conseguia erguer os olhos para ele. Assim, todos entenderam que aquele mistério deveria continuar escondido.


Outra lenda nos mostra que esse poderoso orixá, em suas andanças pelo mundo, pode presenciar o desenrolar de muitas guerras. Os povos que Olorun criou e deu vida brigavam por um pedaço de terra. Muitas pessoas morriam, para que seus líderes pudessem conquistar extensões maiores para seu reinado. Os limites, para esses guerreiros, eram insuperáveis, e as guerras não tinham mais fim. Omolú não entendia o motivo destas guerras, já que Olorun havia criado a terra para todos.


As lutas traziam muita dor e destruição, e ninguém mais sabia dar o devido valor à vida humana. Os homens só pensavam em seus interesses materiais.
Omolú, indignado com essa situação, resolveu mostrar a eles que a vida é o maior tesouro que alguém pode ter.


O poderoso orixá traçou, então, com seu cajado, um grande círculo no chão, no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença existente. Todo guerreiro, que por ali passasse, iria contrair algum tipo de doença.


De fato, foi o que aconteceu. Muitas pessoas adoeceram inclusive os líderes dos exércitos. Só isso conseguiu por fim às guerras.


As doenças se transformaram em epidemias, deixando populações inteiras à beira da morte.


Um babalaô revelou o mau presságio, pedindo a todos que refletissem sobre o que estava acontecendo, por culpa deles próprios. Omolú havia mandado essas mazelas para a terra, a fim de mostrar que, enquanto temos saúde e uma vida plena, não devemos nos preocupar excessivamente com coisas materiais. Desta vida nada se leva, a não ser o conhecimento e a experiência que acumulamos.


Assim, os que aceitaram esses desígnios e fizeram oferendas, conforme explicou o babalaô, conseguiram livrar-se de suas enfermidades e restabelecer sua dignidade. Mas, infelizmente, nem todos agiram assim.


Talvez, por isso, existam tantos povos africanos vivendo do mesmo jeito há milhares de anos, tentando não se desligar da natureza.

Lenda de Oxumaré



Oxumaré, filho de Nana e Orixalá, recebeu de Olorun uma missão muito especial e importante para dar continuidade ao processo de criação e renovação da natureza. Sua tarefa consistia em carregar, dentro de suas cabaças, toda água da Terra de volta para o céu. Era uma tarefa árdua e interminável, pois, nem bem ele enchia as nuvens, a água já começava a escorrer, molhando tudo novamente.

Ele não tinha tempo a perder, mas, numa dessas viagens, parou para olhar a Terra e viu um imenso lugar, onde tudo era extraído da lama. Estava faltando alguma coisa para dar mais alegria ao lugar.

O próprio Oxumaré já tinha colocado em movimento todos os seres criados, como Olorun havia ordenado, mas ainda não bastava, tudo parecia muito igual e sem vibração.

Ele resolveu, então, pedir a Deus que o ajudasse a encontrar uma maneira de trazer mais felicidade para a Terra, e Olorun concedeu a ele a realização desse desejo.

Quando estava carregando água, sem querer, deixou cair algumas gotas pelo caminho. De repente, formou-se um arco colorido, de uma beleza incrível.

Aquele arco mostrava as cores do universo, e, através dele e de suas infinitas combinações, Oxumaré poderia colorir toda a Terra com diversos matizes, tornando-a mais alegre e vibrante.

A partir de então, formou-se uma aliança entre Deus (Olorun) e os seres criados, que sempre poderia ser vista quando as águas do céu encontrassem a luz do sol.

O arco-íris tornou-se, também, símbolo desse Orixá, que gosta de movimento e harmonia em todas as coisas.

Lenda de Logun Edé



No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse. Guardavam sua sabedoria como a um tesouro.

É nesse contexto que vivia a mãe das águas doces, Oxum, e o grande caçador Odé. Esses dois orixás constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos reinados, que eram muito próximos.

Odé ficava extremamente irritado quando o volume das águas aumentavam e transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta. Oxum argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorun. Odé não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a inundação.

Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente esses reinados, para tentar apaziguá-los.

A floresta de Odé logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais fértil. Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água para beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez mais raras. Odé não se desesperou, achando que poderia encontrar alimento em outro lugar.

Oxum, por sua vez, sentia-se muito só, sem a companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não se abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes para confortá-la.

Odé andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia encontrar caça em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmo cenário desolador. A floresta estava morrendo e ele não podia fazer nada.

Desesperado, foi até Olorun pedir ajuda para salvar seu reinado, que estava definhando. O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta d’água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que fez foi necessário para acabar com a guerra. A única salvação era a reconciliação.

Odé, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Oxum, propondo a ela uma trégua. Como era de costume, ela não aceitou a proposta na primeira tentativa. Oxum queria que Odé se desculpasse, reconhecendo suas qualidades. Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam sobreviver separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorun.

Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logun Edé, que iria consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de seus pais. Logun sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde havia uma vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar as cheias, bem como a estiagem prolongada. Ele procurava manter o equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a fertilidade.

Conta outra lenda que as terras e as águas estavam no mesmo nível, não havendo limites definidos.

Logun, que transitava livremente por esses dois domínios, sempre tropeçava quando passava de um reinado para o outro. Esses acidentes deixavam Logun muito irritado.

Um dia, após ter ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer a transição para o reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito escorregadia.
Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a terra.

Com essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas conseguiu fazer uma passagem, que tornou mais fácil sua transição. Logun criou, assim, as margens dos rios e córregos, onde passou a dominar. Por esse motivo, suas oferendas são bem aceitas nesse local.

Lenda de Iemanjá


Iemanjá, grande orixá das águas, era filha de Olokun, o senhor dos oceanos. Era possuidora de um grande instinto maternal, que fez dela mãe de dez filhos. Embora casada, não tinha grande apego por seu marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas ele era um homem muito importante e poderoso, e não permitiria tal desonra. Iemanjá também pensava no bem-estar de seus filhos, não podendo deixá-los desamparados.

Seu marido usava o poder com tirania, inclusive com sua família, tornando a vida dela insuportável. Ela não agüentava mais se submeter aos caprichos de um homem que ela desprezava.

Ela procurou seu pai para aconselhar-se sobre a atitude que deveria tomar. No fundo, ela já estava decidida a fugir, mas precisava de seu apoio. Olokun não a recriminou, pois ela era uma soberana e, como tal, não poderia aceitar o jugo de ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma cabaça com encantamentos, para que ela usasse quando estivesse em perigo.

Iemanjá colocou seu plano em prática, fugindo com todos os seus filhos.

Quando ela já estava bem longe de sua aldeia, viu que estava sendo perseguida pelo exército de seu marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles eram muitos e seria uma luta desleal. Iemanjá odeia os confrontos, pela destruição que causam, já que é um orixá propagador de vida.

Quando se sentiu acuada, resolveu abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai. Do seu interior escoou um líquido escuro, que, ao tocar o chão, imediatamente formou um rio, que corria em direção ao oceano.

Foi nessas águas que Iemanjá e seu povo encontraram um caminho para a liberdade.

Lenda de Oxum


Conta à lenda que Oxalá, numa de suas caminhadas pelo mundo, iria passar pela aldeia de Oxum, onde pretendia parar e descansar.

Exu, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxum que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade. Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca. Oxum cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá.

Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxum não se lembrou de convidar as Iya-mi para a grande festa.

As feiticeiras não perdoaram essa desfeita. Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxum perante os convidados.

No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém.

Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxum, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada. Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia.

Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz.

Oxum, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se. O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.

Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido.

Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos.

Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho. O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada.

Exu, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido.
Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam inclusive a de Oxalá. Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha (ekodidé), prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.

A partir de então, essa pena foi introduzida nos rituais de feitura do Candomblé.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Um pouco sobre o que é o candomblé Alaketu


Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, no Candomblé, o Babalorixá ou Iyalorixá consulta o jogo de búzios no merindilogun, onde terá as respostas. Essa é uma das formas de saber. A outra é quando uma pessoa vai assistir uma festa de candomblé e entra em transe profundo. Esse transe é chamado de "Bolar no Santo" é a declaração em público do Orixá que quer a iniciação de seu filho, nesse caso o babalorixá vai consultar o jogo de búzios para saber qual é o Orixá e suas condições, se pode esperar ou se caso de urgência. Normalmente são feitos acordos com os Orixás para que aguardem até o filho ter condições financeiras e de férias para poder se recolher.
A primeira fase da iniciação ou feitura de santo na nação Ketu é de 21 dias, onde a pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos ritos de passagem. Saliente-se que todo o ritual da iniciação não é público. Saliente-se também que essa iniciação só pode ser feita por uma pessoa iniciada, segundo as normas do candomblé só pode transmitir o Axé quem os recebeu de alguém iniciado na obrigação de Odu ijè.
A iniciação pode ser de apenas um Iaô ou pode ser de muitos. Nesse caso recebe o nome de "Barco de Iaô". Quando entra para fazer o santo sozinho será chamado de Dofono (homem) ou Dofona (mulher), por ser o primeiro e único.
Quanto ao fato da pessoa ser recolhida para ser IaôOgan ou Ekedi, essa questão só é resolvida durante a iniciação. Se a pessoa entrar em transe será um Iaô elegun, se não entrar em transe e for homem, será um Ogan, se for mulher será uma Ekedi.

No caso do barco, o primeiro Iaô será chamado de Dofono, o segundo dofonitinho, o terceiro será chamado de Fomo, o quarto de Fomutinho, o quinto de Gamo, o sexto de Gamutinho, o sétimo de Vimo, o oitavo de Vimutinho, o nono de Gremo, o decimo de Gremutinho, o décimo primeiro de Caçula e daí por diante. Essa sequência de nomes é usada na maioria das casas de candomblé de cultura Ketu
Nos 3 primeiros dias a pessoa ficará descansando e fazendo os ebós de limpeza, que serão apurados no jogo de búzios e tomando banhos com folhas sagradas e abô. Ficará recolhida no roncó (quarto específico de recolhimento) próximo ao peji e será feita a primeira obrigação, que é o bori. No final dos três dias é suspenso o bori e passa para as fases seguintes.
Já houve barcos com quinze Iaôs, mas isso é muito raro, pois implica muito trabalho e dedicação de muitas pessoas para cuidar dos Iaôs. A maioria das casas recolhe no máximo três ou quatro. Existem Orixás que não podem ser iniciados junto com outros; nesse caso será recolhido sozinho.
No final tem a festa que é chamada de "saída de iaô", essa festa é dividida em 4 partes: A primeira saída no barracão é interna sem a presença do público, somente os membros da casa estarão presentes. Pode ter variação de uma casa para outra ou de nação para nação, uns fazem três saídas públicas outros fazem quatro.
Em seguida começa a contar o período de 16 dias. Aí tem início o longo aprendizado das rezascostumes, práticas, lendashistórias e a iniciação propriamente dita, que consiste em raspar a cabeça, fazer curas (pequenos cortes),assentamento do orixá, serão oferecidos animaiscomida ritualflores e frutas.
Inicia-se o candomblé normalmente despachando o Padê (pode ser despachado durante o dia também, depende da casa) e canta-se algumas cantigas para cada um dos Orixás, enquanto isso os Iaôs estão sendo preparados para a primeira saída no barracão de festas.
Na primeira saída pública o Iaô sai do roncó (nome dado ao quarto onde ficam recolhidos) para o barracão todo vestido de branco, essa saída é em homenagem a Oxalá, trás na testa uma pena vermelha chamada Ekodidé e na parte superior da cabeça o adoxu e pintado com efun, ele vem acompanhado de sua mãe pequena, da Iyalorixá e todos que ajudaram na feitura. Nessa saída o Iaô deverá saudar a porta, os atabaques o Axé do centro do barracão onde estar o fundamento da casa e a Iyalorixá. Em seguida é recolhido para mudar de roupa.
A terceira saída do Iaô é a mais esperada por todos da comunidade, nota-se um momento de tensão muito grande e a expectativa dos sacerdotes que contribuíram nesta sagrada iniciação, que pode ser afirmada ou negada pelo noviço de que tudo foi bem feito ou não, com o grito triunfal do seu nome. Novamente o Iaô é trazido ao ile axé, desta vez sem a pintura geral, só com uma pintura de wáji no centro da cabeça (cuia de wáji) ou borilé (ritual feito com ejé do pombo branco) e ornado com penas do mesmo. O Orixá dirá seu Orunkó para todos ouvirem, nesse caso é escolhida uma pessoa (normalmente um Babalorixá ou Iyalorixá de outra casa) presente para tomar o nome do Orixá, são feitas algumas cerimônias onde a pessoa pergunta por três vezes o nome do Orixá e na terceira ele grita em voz alta seu Orunkó para todos ouvirem. Depois do nome dado o Iaô é recolhido novamente para trocar a roupa.
A segunda saída pública do Iaô no barracão as roupas são coloridas em homenagem à todos os orixás e a pintura é feita com o pó azul wáji, branco efun, e vermelho osùn. O Iaô sendo de oxalá ou determinados orixás funfuns a roupa não pode ser colorida, predominando o branco, todavia a pintura colorida seja relevante em quantidade discreta.
Porém a Iaô ainda não terminou as obrigações terá ainda que cumprir um resguardo normalmente de três meses e continuar usando o kelê (uma gargantilha de contas) que foi colocada em seu pescoço no início da feitura de santo. Durante esses três meses o Iaô continuará dormindo numa esteira, usará roupas brancas e seguir uma série de restrições denominada de ewo. Terminado o período de quelê, é feita a retirada do mesmo e outra festa é feita para comemorar a comumente chamada "caída de quelê".
A quarta e última saída o Orixá vem todo paramentado com roupas e ferramentas características de cada Orixá, para dançar e ser homenageado por todos os presentes. No final canta-separa Oxalá e a festa é encerrada.
É o período mais difícil para o Iaô que precisa voltar a trabalhar, muitos se iniciam no período de férias do trabalho e quando termina as férias precisam voltar para um ambiente onde sem dúvida será notado por todos, discriminado por alguns e terá que se manter calado, terá muitos problemas na hora das refeições, pois está proibido de entrar em bares e restaurantes, terá que levar uma marmita e aceitar os olhares de curiosidade.
Algumas casas atualmente por esse motivo têm feito alguns acordos com os Orixás para que o Iaô que precisa trabalhar já saia da roça sem o kelê, mas terá que cumprir todos os itens do resguardo nos mínimos detalhes. Nesse caso não precisará usar somente branco, poderá usar roupas de cores bem claras como azul, rosa, bege, cinza, tudo para não chamar muito a atenção. Existem casos de firmas que o uniforme é preto, marrom, azul marinho, nesses casos o Orixá permite, não vai querer que seu filho perca o emprego.